Sempre que penso em nós, psicólogos e conselheiros, vejo uma paixão imensa por ajudar o próximo, mas também uma rotina cheia de desafios, não é? Um dos maiores, para mim, sempre foi organizar a mente depois de cada sessão e, claro, manter todos os registros em dia.
Confesso que no início da minha jornada, sentia um peso enorme só de pensar nos diários de trabalho, achando que era apenas uma burocracia sem fim. Mas, com o tempo e muita prática, percebi algo transformador: o diário de trabalho para o psicólogo não é só uma exigência ética, é uma ferramenta poderosa de autoconhecimento e aprimoramento profissional.
Hoje em dia, com o ritmo acelerado das demandas e a crescente importância do autocuidado na nossa profissão – algo que a Ordem dos Psicólogos Portugueses tem reforçado bastante – manter um registro eficaz é crucial para evitar o esgotamento (burnout) e garantir que estamos oferecendo o melhor de nós aos nossos pacientes.
Além disso, a era digital trouxe inovações incríveis para a gestão de prontuários, como a digitalização e a assinatura digital, tornando tudo mais seguro e acessível.
Que tal explorarmos juntos como transformar essa “obrigação” em um verdadeiro aliado para a sua prática clínica? No artigo abaixo, vamos desmistificar a escrita do diário de trabalho e descobrir como torná-la leve, útil e completamente alinhada com as melhores práticas da psicologia atual.
Vamos descobrir mais detalhes no artigo abaixo!
Descobrindo o Valor Transformador dos Nossos Registros

Ah, quem nunca sentiu aquele arrepio ao pensar em organizar os registros de cada sessão? Eu mesma, no início da carreira, via isso como um fardo, uma obrigação chata que roubava um tempo precioso. Mas sabe, com o passar dos anos e, claro, com a experiência de centenas de atendimentos, minha perspectiva mudou completamente. Percebi que o diário de trabalho, ou os nossos prontuários, são muito mais do que apenas documentos. Eles são um mapa, um guia que nos ajuda a navegar pela complexidade de cada processo terapêutico e, mais importante, a nos conhecermos melhor como profissionais.
O Diário como Espelho da Nossa Prática
Imagine o diário como um espelho. Nele, conseguimos enxergar não só o progresso do paciente, mas também as nossas próprias reações, as intervenções que fizemos, o que funcionou e o que talvez precise de um ajuste. É um espaço riquíssimo para a autorreflexão, para processar as emoções que as sessões nos trazem e para desenvolver aquela ‘escuta’ interna que é tão crucial na nossa profissão. Sinto que ao revisar meus registros, consigo identificar padrões, tanto nos pacientes quanto em mim mesma, e isso é um poder enorme para o aprimoramento contínuo. É como ter um mentor silencioso sempre à disposição, me ajudando a polir minhas habilidades e a refinar minha abordagem.
Fortalecendo a Coerência Terapêutica
Ter um registro detalhado e bem organizado é fundamental para garantir a continuidade e a coerência do processo terapêutico. Pense comigo: quantas vezes não tivemos que retomar um caso depois de um período de férias ou de uma interrupção? Sem um diário bem feito, a gente corre o risco de perder o fio da meada, de esquecer detalhes importantes que podem ser cruciais para o andamento do tratamento. Eu, particularmente, confio muito nos meus registros para relembrar nuances das queixas iniciais, das mudanças ao longo do tempo, e até mesmo de pequenas vitórias que o paciente pode ter esquecido. Isso nos permite manter uma linha de raciocínio clara, mostrando ao paciente que estamos conectados e engajados com sua jornada, o que, convenhamos, fortalece demais o vínculo e a confiança.
Construindo a Narrativa: O Que e Como Registrar
Agora que já desmistificamos um pouco a importância, a grande pergunta que sempre surge é: o que exatamente devo colocar no diário? E como fazer isso de um jeito que seja eficiente e não consuma todo o meu tempo? Entendo perfeitamente essa preocupação, pois no início eu também me pegava escrevendo demais ou de menos. Com o tempo, desenvolvi uma forma de registrar que para mim funciona como uma narrativa concisa, mas completa, da jornada terapêutica de cada um.
Elementos Essenciais para um Prontuário Completo
Para mim, o essencial é focar nos pontos-chave de cada sessão. Claro, dados básicos como nome do paciente, data e hora são obrigatórios, mas o ouro está no resumo da queixa principal da sessão, as intervenções que utilizei e a resposta do paciente a elas. Não me esqueço de anotar observações sobre a comunicação não verbal, meu próprio estado contratransferencial (se relevante) e qualquer plano para a próxima sessão. Já vi colegas que se perdem em transcrições literais, mas a verdade é que precisamos ser estrategistas na hora de registrar. É sobre capturar a essência, os momentos de virada, as resistências, e as novas compreensões. Pensar em ‘o que seria crucial lembrar daqui a um ano sobre essa sessão?’ me ajuda muito a filtrar o que realmente importa. É um exercício de síntese que se aprimora com a prática.
A Arte da Síntese e a Fidelidade ao Processo
Sintetizar não significa omitir, mas sim extrair o cerne do que aconteceu. Não precisamos escrever um livro após cada sessão. O desafio é encontrar um equilíbrio. Eu costumo focar em frases curtas, palavras-chave e descrições objetivas, mas sem perder a emoção e a subjetividade que marcam o nosso trabalho. É como um pintor que, com poucas pinceladas, consegue transmitir uma imagem complexa. Meus registros buscam ser fiéis ao processo, refletindo a evolução do paciente e a minha própria atuação. Lembro-me de um caso em que anotei uma frase específica que o paciente disse em uma sessão no início do processo e, meses depois, ao reler, percebi o quanto aquela frase era um prenúncio de uma questão que só seria trabalhada muito adiante. É nesses momentos que a gente vê a magia dos nossos registros, a forma como eles nos ajudam a conectar os pontos.
A Revolução Digital na Gestão de Prontuários
Se tem algo que mudou (e muito!) a minha rotina e a de muitos colegas, é a digitalização dos prontuários. Confesso que no começo eu era um pouco resistente, com aquele apego ao papel e à caneta. Mas a praticidade, a segurança e a acessibilidade que as ferramentas digitais oferecem me conquistaram de vez. Hoje em dia, não consigo imaginar minha prática sem elas. Elas não só otimizam nosso tempo, como também nos dão uma tranquilidade enorme em relação à proteção dos dados dos nossos pacientes.
Ferramentas e Plataformas Seguras ao Nosso Dispor
O mercado está cheio de opções de plataformas e softwares pensados especificamente para nós, profissionais da saúde. Desde sistemas mais robustos que oferecem agendamento online, prontuário eletrônico completo e até faturamento, até aplicativos mais simples para anotações rápidas e seguras. O importante é escolher uma que se adeque à sua prática e que garanta a segurança e a confidencialidade dos dados, seguindo as diretrizes da Ordem dos Psicólogos Portugueses e as leis de proteção de dados, como a GDPR na Europa. Eu testei algumas até encontrar uma que se encaixava perfeitamente no meu fluxo de trabalho, permitindo acesso rápido, organização intuitiva e backups automáticos. Isso me deu uma paz de espírito enorme, sabendo que meus registros estão seguros e acessíveis de onde eu estiver, quando eu precisar.
A Validade da Assinatura Digital: Desmistificando Mitos
Um dos maiores questionamentos que ouço sobre a digitalização é a questão da assinatura digital: ela realmente vale? É segura? E a resposta é um sonoro sim! A assinatura digital, quando feita por um certificado digital válido e reconhecido, tem a mesma validade jurídica de uma assinatura de punho. Isso simplifica demais a vida, especialmente em tempos de atendimento online e de burocracias que exigem nossa chancela. Lembro-me de ter que enviar documentos por correio ou ter que me deslocar apenas para assinar algo. Hoje, com alguns cliques, tudo está resolvido, de forma segura e auditável. É um avanço que nos poupa tempo, papel e nos permite focar no que realmente importa: nossos pacientes. A Ordem dos Psicólogos tem sido clara em suas orientações sobre a validade e a importância dessas ferramentas, o que nos dá ainda mais confiança.
Diários de Trabalho: Um Aliado Contra o Esgotamento Profissional
Nossa profissão é linda, gratificante, mas também incrivelmente desafiadora e, convenhamos, exige muito de nós. É fácil cair na armadilha do esgotamento (o famoso burnout) se não cuidarmos de nós mesmos. E, acreditem ou não, o diário de trabalho pode ser um dos nossos maiores aliados nessa jornada de autocuidado. Eu, que já estive à beira do esgotamento, percebi que a escrita reflexiva se tornou uma válvula de escape essencial.
Espaço de Processamento Pessoal e Autocuidado
Para mim, o diário não é só sobre o paciente, mas também sobre o que a sessão me moveu. Depois de um atendimento particularmente intenso ou desafiador, sentar para escrever sobre o que aconteceu, sobre as minhas impressões e as emoções que surgiram, funciona como um verdadeiro ritual de “limpeza” mental. É um espaço seguro onde posso processar, sem julgamento, o impacto da sessão em mim. Ajuda-me a descarregar, a organizar os pensamentos e a evitar levar para casa, e para a próxima sessão, a carga emocional do dia. É uma prática de autocuidado ativo que me permite manter a sanidade e a clareza mental necessárias para continuar a oferecer o meu melhor. Não é terapia para mim, mas é um suporte valioso para a minha saúde mental e profissional.
Identificando Limites e Padrões de Resposta
Ao longo do tempo, revisar meus diários me permitiu identificar padrões não só nos meus pacientes, mas em mim mesma. Percebo quais tipos de casos me afetam mais, quais me energizam, quais me desafiam a ponto de quase me esgotar. Essa autoconsciência é vital para estabelecer limites saudáveis. Se noto que estou respondendo a um tipo específico de situação com mais cansaço ou irritabilidade, isso é um sinal vermelho. É a hora de buscar supervisão, ajustar a carga de trabalho ou intensificar minhas próprias estratégias de autocuidado. O diário, nesse sentido, atua como um sistema de alerta precoce, me ajudando a evitar que pequenos focos de estresse se transformem em um incêndio. É uma ferramenta de auto-regulação poderosa que todos nós deveríamos abraçar.
Navegando pela Ética e Legalidade na Documentação

Como psicólogos, sabemos que a ética e a legalidade são pilares inegociáveis da nossa prática. E quando falamos de diários de trabalho e prontuários, a atenção a esses aspectos precisa ser redobrada. Afinal, estamos lidando com informações extremamente sensíveis e pessoais dos nossos pacientes. O cuidado com a confidencialidade e a adesão às normas são mais do que uma obrigação, são um compromisso com a dignidade e a segurança daqueles que confiam em nós.
Confidencialidade no Mundo Digital
No mundo atual, onde a informação digital transita com tanta facilidade, manter a confidencialidade se tornou um desafio com novas nuances. Como garantir que nossos registros eletrônicos estejam protegidos de acessos não autorizados? É fundamental usar senhas fortes, ativar a autenticação de dois fatores, e, claro, escolher plataformas que ofereçam criptografia de ponta e estejam em conformidade com as leis de proteção de dados. Lembro-me de quando passamos a usar prontuários eletrônicos e a primeira preocupação de todos era essa. Mas ao pesquisar e entender as tecnologias disponíveis, percebi que, bem implementadas, as soluções digitais podem ser até mais seguras do que os antigos arquivos em papel, desde que tenhamos o devido cuidado e a responsabilidade de manter tudo atualizado e protegido. É nossa obrigação estar informados e vigilantes.
As Orientações da Ordem dos Psicólogos Portugueses
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) tem um papel crucial em nos guiar por esse caminho complexo. Seus códigos de ética e as orientações específicas sobre a elaboração e guarda de prontuários são nosso farol. É vital que todos nós, psicólogos e conselheiros, estejamos sempre atualizados com as últimas diretrizes da Ordem. Elas abordam desde o tempo de guarda dos documentos até como proceder em caso de requisição judicial ou encerramento da prática profissional. Eu costumo reler as orientações periodicamente, especialmente quando surgem dúvidas ou novas tecnologias. Ter esse respaldo institucional nos dá segurança jurídica e ética, permitindo que a gente exerça a profissão com a tranquilidade de quem está agindo corretamente. Afinal, a nossa credibilidade depende muito da nossa conduta ética e profissional.
O Diário como Motor de Crescimento Contínuo
Quantas vezes nos pegamos refletindo sobre um caso, pensando “o que eu poderia ter feito diferente?” ou “como esse paciente evoluiu!”? É nesses momentos que o diário de trabalho se revela uma ferramenta extraordinária para o nosso crescimento profissional contínuo. Ele nos permite revisitar jornadas, analisar nossos acertos e erros, e aprender com cada experiência, transformando cada sessão em uma oportunidade de aprimoramento.
Refletindo sobre a Evolução Terapêutica
Eu adoro revisitar meus diários de pacientes que já terminaram o tratamento. É impressionante ver a transformação, tanto do paciente quanto da minha própria abordagem ao longo do tempo. Os registros servem como um ‘filme’ do processo, mostrando a evolução das queixas, o desenvolvimento de novos recursos internos e a superação de desafios. É um testemunho palpável do nosso trabalho. Essa reflexão me ajuda a consolidar o aprendizado de cada caso, a identificar quais estratégias foram mais eficazes e a ajustar meu ‘arsenal’ terapêutico para futuros atendimentos. É um feedback poderoso que nos impulsiona a ser profissionais cada vez melhores e mais conscientes da nossa atuação. Não há nada mais gratificante do que folhear esses registros e ver o impacto positivo do nosso trabalho.
Suporte para Supervisão e Discussão de Casos
O diário de trabalho é um recurso inestimável para a supervisão clínica. Quando levo um caso para discutir com meu supervisor, ter anotações claras e detalhadas faz toda a diferença. Não é apenas sobre “o que o paciente disse”, mas sobre “o que eu percebi, o que eu senti, quais intervenções usei e qual foi a resposta”. Essa profundidade de registro permite uma discussão muito mais rica e focada, ajudando o supervisor a entender melhor a dinâmica do caso e a oferecer insights mais precisos. Além disso, em grupos de estudo ou discussão de casos com colegas (sempre com o devido cuidado à confidencialidade, claro!), o diário serve como um roteiro para apresentar o paciente e o processo terapêutico de forma estruturada e objetiva. É uma ferramenta que amplifica a nossa capacidade de aprender com a experiência, tanto a nossa quanto a dos colegas.
Personalizando o Seu Fluxo de Trabalho e Registros
Não existe uma fórmula mágica ou um único jeito certo de fazer o diário de trabalho. O que funciona para um colega pode não funcionar para você, e isso é absolutamente normal! A chave é encontrar um sistema que se adapte à sua personalidade, ao seu estilo de trabalho e à sua rotina. Afinal, se a gente não se sente confortável com o método, a tendência é acabar deixando de lado, e não queremos isso, certo? A beleza está em personalizar!
Encontrando a Metodologia Ideal para Você
Eu já experimentei de tudo um pouco: cadernos físicos com códigos de cores, aplicativos de notas, softwares específicos… E posso dizer que o mais importante é a flexibilidade. Não tenha medo de testar diferentes abordagens até encontrar a sua. Pergunte-se: eu sou mais visual? Prefiro digitar ou escrever à mão? Preciso de algo que integre agendamentos? Gosto de usar tags ou categorizar por temas? A resposta a essas perguntas vai te guiar na escolha da ferramenta e do método. Lembro-me de uma fase em que usava um sistema de bullet journal adaptado para os registros das sessões, e funcionou por um tempo. Hoje, prefiro uma plataforma digital mais robusta que me permite personalizar os campos. O importante é que a ferramenta trabalhe para você, e não o contrário, facilitando sua vida e não a complicando.
Dicas Práticas para Manter a Consistência
Manter a consistência é, sem dúvida, o maior desafio. Mas com algumas estratégias, isso se torna muito mais fácil. A minha dica de ouro é: crie um ritual pós-sessão. Pode ser dedicar 10-15 minutos logo após cada atendimento para fazer as anotações, ou reservar um período no final do dia para revisar e registrar tudo. O ideal é que seja algo que se encaixe naturalmente na sua rotina, para não virar mais uma tarefa pesada. Outra dica é usar lembretes ou alarmes, caso você seja uma pessoa mais “esquecida”. E o mais importante: não se culpe se um dia você não conseguir registrar tudo na hora. Volte no dia seguinte, ou assim que puder. O importante é não desistir e retomar o hábito. Lembre-se, o diário é seu aliado, não um juiz. Com o tempo, essa prática se tornará tão natural quanto beber água, e você verá o quão valiosa ela é para a sua jornada profissional e pessoal.
| Benefício do Diário de Trabalho Digitalizado | Descrição |
|---|---|
| Segurança Aprimorada | Proteção de dados do paciente com criptografia e backups automáticos, minimizando riscos de perda ou acesso indevido. |
| Acessibilidade Remota | Acesso fácil aos prontuários de qualquer lugar, a qualquer hora, com internet, facilitando atendimentos online e trabalho híbrido. |
| Organização Eficiente | Recursos de busca, categorização e tags que agilizam a localização de informações específicas, otimizando o tempo do profissional. |
| Sustentabilidade | Redução do uso de papel, contribuindo para práticas mais ecológicas e para a diminuição de custos com material de escritório. |
| Conformidade Ética e Legal | Facilita a adequação às normas da Ordem dos Psicólogos e às leis de proteção de dados (como GDPR), garantindo a validade jurídica. |
Para Finalizar
Eu sei que comecei este papo confessando minha relutância inicial com os registros, mas, de verdade, espero que minhas experiências e percepções tenham te mostrado o valor imenso que eles carregam. De uma mera “papelada”, eles se transformaram para mim em um verdadeiro copiloto da jornada terapêutica, um espelho da minha evolução e um escudo contra o cansaço. Não é apenas uma obrigação para atender a requisitos; é um ato de carinho com a nossa prática, com os nossos pacientes e, acima de tudo, conosco mesmos.
Encare seus diários não como uma lista de tarefas, mas como um jardim que você cultiva, onde cada anotação é uma semente de aprendizado e crescimento. É nesse espaço que o aprimoramento contínuo acontece, que as reflexões se aprofundam e que a nossa própria jornada profissional ganha clareza e propósito. Vamos abraçar essa ferramenta com a atenção e o respeito que ela merece.
Garanto que sua prática florescerá de formas que você nem imaginava, trazendo mais segurança, eficiência e, acima de tudo, uma sensação de plenitude em cada atendimento. Acredite em mim, essa dedicação vai reverberar positivamente em cada sessão e em cada vida que você toca, construindo um legado de profissionalismo e cuidado.
Informações Úteis para Você Saber
1. Escolha uma Plataforma Digital Segura: Opte por softwares e plataformas que ofereçam criptografia de ponta, autenticação de dois fatores e estejam em conformidade com o RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados) e as diretrizes da Ordem dos Psicólogos Portugueses. A segurança e a confidencialidade dos dados dos seus pacientes são prioridades inegociáveis, garantindo tranquilidade para você e para eles.
2. Revise Seus Registros Regularmente: Não deixe seus diários acumularem poeira digital! Revisitar anotações antigas periodicamente pode revelar padrões, insights e o progresso do paciente e o seu. É uma forma poderosa de aprendizado contínuo, auto-supervisão e de reconectar-se com a trajetória terapêutica, consolidando sua expertise.
3. Incorpore a Escrita Reflexiva na Rotina: Transforme o registro em um ritual pós-sessão ou em um momento dedicado no final do dia. Isso ajuda a processar emoções, organizar pensamentos e evita que a carga de trabalho se acumule, contribuindo significativamente para o seu bem-estar profissional e prevenindo o esgotamento. Pense nisso como um momento seu, para seu autocuidado.
4. Personalize Seu Método de Registro: Não há uma solução única que sirva para todos. Experimente diferentes formatos – seja digital, analógico, com tags, categorias ou bullet points – até encontrar o que melhor se adapta ao seu estilo de trabalho e que te ajude a manter a consistência sem esforço. A flexibilidade é a chave para transformar essa prática em um hábito duradouro e prazeroso.
5. Mantenha-se Atualizado com as Orientações da OPP: As diretrizes da Ordem dos Psicólogos Portugueses são seu guia ético e legal fundamental. Consulte-as regularmente para garantir que sua prática de documentação esteja sempre em conformidade, protegendo a si, seus pacientes e a credibilidade da sua atuação profissional. Esteja sempre à frente, com conhecimento e segurança jurídica.
Pontos Essenciais para Relembrar
Os diários de trabalho são ferramentas indispensáveis para a coerência terapêutica, permitindo-nos acompanhar a evolução dos nossos pacientes e, igualmente importante, aprimorar continuamente a nossa própria prática profissional.
A transição para a digitalização dos prontuários oferece um salto em segurança, acessibilidade e eficiência. Contudo, é crucial a escolha de plataformas confiáveis que estejam em total conformidade com as rigorosas leis de proteção de dados, como o RGPD, e as orientações éticas da OPP.
Para além de um dever ético e legal, o registro reflexivo atua como uma poderosa ferramenta de autocuidado. Ele auxilia significativamente na prevenção do esgotamento profissional, oferecendo um espaço seguro para processamento e fortalecendo a nossa autoconsciência.
Manter-se atualizado com as diretrizes da Ordem dos Psicólogos Portugueses é fundamental. Essa vigilância garante uma prática documentacional ética e legalmente segura, consolidando a confiança e a credibilidade que são pilares da nossa profissão.
Por fim, a personalização do método de registro é a chave para a consistência e a eficácia. Ao adaptar a ferramenta ao nosso estilo, transformamos a prática de documentação de um fardo em um aliado poderoso, impulsionando o nosso crescimento pessoal e profissional.
Perguntas Frequentes (FAQ) 📖
P: Para além das exigências éticas, qual é o verdadeiro valor do diário de trabalho para nós, psicólogos?
R: Ah, essa é uma pergunta que adoro! No início da minha carreira, tal como muitos de vocês, via o diário como mais uma tarefa burocrática, algo que tinha de fazer.
Mas, com o tempo e muitas sessões depois, percebi que ele é muito mais do que isso. Para mim, o diário de trabalho tornou-se uma ferramenta de autoconhecimento e de aperfeiçoamento contínuo.
É o nosso espaço seguro para refletir sobre as sessões, questionar as nossas intervenções e até processar as emoções que surgem. Imaginem só: ao revisitar as notas de um caso, consegui perceber padrões que antes me escapavam, ou identificar momentos em que a minha abordagem poderia ter sido mais eficaz.
É uma forma incrível de evitar o burnout, porque nos permite organizar a mente e descarregar um pouco da carga emocional. A Ordem dos Psicólogos Portugueses enfatiza a ética, claro, mas a experiência mostra-nos que é também uma bússola para o nosso crescimento pessoal e profissional, ajudando-nos a oferecer um acompanhamento cada vez melhor aos nossos pacientes.
É como ter um mentor sempre à mão, mas que somos nós mesmos!
P: Como é que a digitalização dos diários de trabalho pode realmente facilitar o nosso dia a dia na clínica?
R: Essa é uma excelente questão, especialmente agora, com tudo a ficar mais digital! Confesso que a transição para o formato digital me causou alguma apreensão inicial – “Será que é seguro?
E a assinatura digital, como funciona?” Mas, depois de experimentar, digo-vos: não há volta a dar! A digitalização dos nossos diários de trabalho trouxe uma segurança e uma acessibilidade que antes pareciam um sonho.
Pensem nisto: adeus pilhas de papel que ocupam espaço e estão sujeitas a riscos como perdas ou danos. Com os prontuários digitais e a assinatura digital, tudo fica mais organizado, seguro e, acima de tudo, acessível.
Posso aceder às minhas notas de forma rápida e segura, respeitando sempre a confidencialidade, esteja eu no consultório, a fazer uma supervisão ou até a trabalhar de forma remota.
E não é só a praticidade; é também uma forma mais sustentável de gerir a nossa prática, reduzindo o consumo de papel. A Ordem dos Psicólogos Portugueses tem sido progressiva nestas questões, e eu sinto que estamos mais alinhados com as melhores práticas da psicologia atual, garantindo que os nossos registros estão protegidos e facilmente recuperáveis quando necessário.
P: Para quem vê a escrita do diário como um fardo, qual é o segredo para torná-lo leve, útil e até enriquecedor?
R: Eu sei bem essa sensação! Houve fases em que olhar para a folha em branco (ou para o ecrã) para escrever o diário era a última coisa que me apetecia fazer.
Mas o segredo, que descobri com a prática, é mudar a perspetiva. Em vez de o verem como uma “obrigação”, passem a encará-lo como um momento de autocuidado e de investimento em vocês mesmos.
A minha dica principal é: não tentem escrever um livro sobre cada sessão! O diário não precisa ser exaustivo. Foquem-se nos pontos chave: uma insight importante do paciente, uma dificuldade que surgiu, uma emoção forte que vocês sentiram, ou uma dúvida sobre a vossa intervenção.
Utilizem um formato que vos seja confortável, talvez com tópicos, palavras-chave ou mesmo um pequeno parágrafo de reflexão. Eu, por exemplo, comecei a dedicar 5 a 10 minutos logo após cada sessão para as notas mais importantes, e depois reservo um tempo semanal para uma reflexão mais aprofundada.
E sabem o que acontece? Passou de um fardo a um ritual que me ajuda a fechar cada caso e a preparar-me para o próximo, tornando a minha prática clínica muito mais rica e consciente.
Experimentem! Vão ver a diferença.






